quinta-feira, 22 de julho de 2010

A ditadura dos partidos burgueses
De dois em dois anos a burguesia realiza eleições para eleger seus parlamentares e governos. Essas eleições é um terreno totalmente hostil à discussão política. A burguesia desenvolve uma série de barreiras para impedir que se crie qualquer oposição de fato ao regime político, ou seja, que se expresse por meio das eleições o descontentamento da imensa maioria da população explorada e que se possa usar deste momento como um espaço de denúncias das mazelas feitas pelos governos de plantão.
Aqui no Piauí querem calar boca do PCO, isso ficou caracterizado no debate antidemocrático organizado pela TV Meio Norte (15/07/2010), entre os candidatos a governadores onde a Candidata do PCO Lourdes Melo foi excluída de participar.
São várias as barreiras colocadas para excluir qualquer organização popular de concorrer igualmente nas eleições, dando o direito aos partidos burgueses de manterem um monopólio total das eleições.
Mais poder aos que já possuem poder
Em primeiro lugar a lei que regula o Fundo Partidário garante aos partidos burgueses uma verba estatal milionária.
A Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995, alterada pela lei nº 11459 de março de 2007, "estabelece que 5% (cinco por cento) do total do Fundo Partidário serão destacados para entrega, em partes iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral e 95% (noventa e cinco por cento) do total do Fundo Partidário serão distribuídos a eles na proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados”.
A lei, portanto, estabelece que as maiores bancadas já eleitas têm direito ao maior fundo partidário, o que por si só já seria uma garantia do monopólio dos partidos burgueses.
Hoje, os partidos burgueses repartem entre si mais de R$ 180 milhões dos cofres públicos, isto sem contar todas as doações de empresários e banqueiros nas eleições.
Esta distribuição é totalmente desigual
Segundo dados do TSE, no ano de 2009, o PT recebeu do fundo partidário R$ 27,4 milhões, o PMDB, R$ 26,3 milhões, e o PSDB, R$ 25,3 mi.
Da mesma forma a lei estabelece maior tempo para maiores coligações e parlamentares eleitos no horário eleitoral, o que funciona como uma trava de segurança para garantir apenas aos partidos burgueses conseguir votos pelo meio que é, de longe, o mais essencial durante o processo eleitoral.
Financiamento de campanha e Justiça eleitoral
Os partidos burgueses anunciaram na justiça eleitoral que irão gastar um valor recorde, de R$ 463 milhões. Destes, mais de 90%, serão gastos pelos três candidatos principais da burguesia. PT, PSDB e PV terão respectivamente R$ 157 milhões, R$ 180 milhões e R$ 90 milhões em verbas eleitorais. Isto é o que é declarado pelos partidos, excluindo-se todo o esquema clientelista da burguesia e de seus partidos que ocorrem nos mínimos detalhes, desde a compra de votos dos cabos eleitorais nos bairros populares até as negociações entre quatro paredes de bilionárias empresas capitalistas nacionais e estrangeiras.
Os gastos declarados pelos principais representantes da burguesia no Piauí são o seguinte: o candidato João Vicente Claudino-PTB, declarou que irá gastar R$12.300.000,00 (doze milhões e trezentos mil reais). o candidato a Governador Wilson Martins- PSB declarou que deverá gastar R$ 10.000,000,00 (dez milhões de reais). O candidato Sílvio Mendes informou que irá gastar R$ 8.045.000,00 (oito milhões e quarenta e cinco mil reais).
A ditadura burguesa nas eleições está envolta por uma imensa campanha ideológica, cujo objetivo é a desmoralização da idéia de se organizar politicamente e de maneira independente dos partidos burgueses.
A Justiça eleitoral é mancomunada com os poderosos
Não bastasse a máquina econômica por trás das eleições só funcionar a favor dos poderosos, a Justiça eleitoral, mancomunada com estes, dá uma garantia de que serão punidos apenas os candidatos que não possuem compromisso com o regime político.
A perseguição ao PCO é uma demonstração clara de como, na prática, se movimenta a “democracia eleitoral brasileira”.
As candidaturas do PCO nestas eleições e nas anteriores são ameaçadas constantemente de sofrer impugnação e foram por diversas vezes impedidas de concorrer às eleições. O TSE nega as prestações de conta do PCO, um partido operário, sem dinheiro, que vive de contribuições dos trabalhadores e militantes, para aceitar as contas de corruptos notórios, como Fernando Collor de Mello, ex-presidente deposto por corrupção. Além de cassar as candidaturas do PCO em 2006 a justiça impediu o partido de receber um mísero fundo partidário de R$ 30 mil anuais.
O PCO participa das eleições para denunciar a ditadura da burguesia e para protestar contra o regime político, organizar a classe trabalhadora em um partido próprio, baseado em seus interesses de classe.
Lourdes Melo entra com recurso contra a desaprovação das contas do PCO pelo TRE
A candidata ao governo do Piauí pelo PCO apresentou na última semana um recurso da decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, que rejeitou a prestação de contas da campanha do partido à prefeitura em 2008
O processo para cassar a candidatura do Partido da Causa Operária ao governo do Piauí recebeu no último dia 11 um recurso apresentado pela companheira Lourdes Melo reivindicando a aprovação de suas contas, rejeitadas pelo TRE recentemente. O recurso feito através da Adv. Maria Sueli Sousa, argumenta que o partido “apresentou sua prestação de contas em tempo hábil”, apenas que não foram entregues, nem utilizados, os recibos eleitorais que o tribunal exige para formalizar as movimentações de campanha.
Os gastos de campanha do PCO, ínfimos se comparados aos rios de dinheiro gastos pelos partidos burgueses para eleger seus candidatos, foram todos devidamente documentados e entregues ao TRE. A exigência da apresentação dos recibos eleitorais foi considerada, na defesa apresentada pelo partido no Piauí, “mera formalidade” que não constituía impedimento para a aprovação das contas do partido, já que se trata de valores muito baixos e todos eles devidamente documentados através de notas fiscais e comprovantes dos gastos.
Em sua defesa, a candidata afirmou, através de sua advogada, que “das ‘inúmeras irregularidades’ referidas pela magistrada restaram a falta de recibos e abertura de conta fora do prazo, visto que a falta da assinatura da candidata num dos demonstrativos é problema facilmente sanável”.
Apoiando-se em julgamentos favoráveis dos tribunais eleitorais de outros estados em casos semelhantes, a defesa argumentou ainda que “a falta de recibos eleitorais na prestação retificada diante de outros meios fiscais de prova cheira a excesso de um preciosismo técnico, um excesso de formalismo, com a perda de vista do bem jurídico a ser protegido, quando a falta de recibos para serem emitidos no ato da retificação torna-se impossível pelo fato de haver sido feita a devolução quando da apresentação das contas”.
A tentativa de cassar a candidatura do PCO no Piauí, assim como está ocorrendo também em outros estados onde “irregularidades na prestação de contas” foram alegadas pelos tribunais eleitorais, revela o significado da lei “Ficha Limpa”: deixar candidatos como Fernando Collor de Mello, José Sarney e tantos outros, impunes e “elegíveis”, enquanto fecham as portas para um partido operário, independente, concorrer nas eleições, deixando subentendido que “irregularidades” nas formalidades de sua prestação de contas são mais graves que o dano causado a todo o país pela ação dos mais notórios políticos corruptos.

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