11 de setembro massacre no Alto da Felicidade pela Polícia do PT Piauí

Fernando Collor, senhor ficha limpa

A lei da “Ficha Limpa”, defendida pela direita e inclusive pela esquerda parlamentar, foi implementada como mais uma grande solução para o problema da corrupção no País.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, chegou a afirmar este mês que negou todas as liminares aos “fichas sujas”, declarando que “a situação mudou, temos um valor tão importante a ser considerado que é o princípio da moralidade".

Enquanto os juízes e a imprensa capitalista faziam sua pose de grandes combatentes contra a corrupção, a candidatura de ninguém menos que o ex-presidente deposto Fernando Collor de Melo era aprovada pelo Tribunal!

Tal fato só pode nos levar à conclusão de que a lei da Ficha Limpa é uma farsa que nem sequer foi bem montada. Ou, alternativamente, que os seus articuladores, consideram o povo brasileiro como sendo de inteligência abaixo da média.

Há menos de vinte anos, todo o país se mobilizou e derrubou o então presidente, num dos maiores movimentos nacionais das últimas décadas. O motivo foi justamente um gigantesco escândalo de corrupção, que se arrastou por meses e no qual até mesmo o irmão de Collor o denunciou como corrupto, em uma das maiores crises que o País já viveu.

Collor tornou-se símbolo nacional da corrupção.

Mas, o que o povo rejeitou, os tribunais aceitaram e Collor teve sua candidatura ao governo de Alagoas aprovada. Sua ficha: limpíssima!

Em plena era da Ficha Limpa, o maior símbolo da corrupção nacional está dentro dos rigorosíssimos parâmetros da lei moral eleitoral. O motivo desta aberração é simples; ele é poderoso.

Sarney, Serra, Renan Calheiros, os “mensalões” e dezenas de outros notórios corruptos não terão suas candidaturas e mandatos ameaçados. A lei foi feita para pegar os que não são poderosos, os “peixes pequenos”, e ficou evidente que nenhum tubarão vai cair nessa rede.

Mas qual é a função de uma lei que não serve para pegar os grandes?

A lei não tem nenhuma importância, em seu objtivo declarado, para a população se serve apenas para punir aquele parlamentar secundário, que não tem nenhum poder, que não é relator, não tem influência, que não aprova projetos, que não é líder de bancada.

A Ficha Limpa se revela assim mais uma versão do mesmo esquema de sempre, onde os grandes não são pegos, são indultados, legitimados, incensados. E dessa maneira, os que não têm poder ficam ainda mais sob controle dos que têm. Pois o árbitro na questão da Ficha Limpa não é a voz popular, mas os tribunais e os que têm influência sobre eles.

Este fato só comprova que a Justiça é como, há mais de dois mil anos, afirmou o jurista e poeta grego Sólon: “uma teia de aranha: retém os insetos pequenos enquanto os grandes transpassam a teia e ficam livres”.

Estamos, porém, longe de referendar a lei em nome do seu objetivo declarado: o de perseguir e punir os corruptos e sanear o sistema político nacional. Na realidade, tais leis nada mais são que a tentativa de subtrair do eleitorado, supostamente soberano em uma democracia parlamentar, o poder de decisão sobre os seus representantes, transferindo este poder para um punhado de juízes que ninguém elegeu e que são representantes senão dos próprios poderosos que os indicaram.

LOURDES MELO 29 - PCO

quinta-feira, 22 de julho de 2010

11 de setembro massacre no Alto da Felicidade pela Polícia do PT Piauí

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